Resumo

O Programas Brasileiro de Inventário de Biodiversidade (PPBio) propõe metodologias padronizadas de amostragem e coleta de materiais biológicos, com estratégias chamadas RAPELD. Metodologias padronizadas apresentam vantagens de possibilitar comparações biogeográficas e de representarem protocolos referendados pela comunidade científica. Com este objetivo, propomos um protocolo padronizado de amostragem e coleta de materiais vegetais para estudos da biodiversidade microbiana associada a frutos de palmeiras em ecossistemas brasileiros. A amostragem sugerida foi a coleta de um número mínimo de 30 árvores por área amostrada (trajeto no módulo RAPELD), sendo coletadas 5 amostras por árvore para análises microbiológicas. O protocolo de isolamento foi baseado em Janisiewicz et al. 2010, para leveduras associadas a nectarinas, que processa o fruto sem romper as cascas, utilizando sonicação. Frutos de palmeiras, no entanto, possuem perianto resistente, pericarpo complexo e esclerificado, com epicarpo fibroso e mesocarpo fibrocarnoso e oleaginoso, o que exigiu rompimento utilizando instrumentos cortantes e força. A maioria dos frutos pode ser cortada com faca e martelo, exceto o babaçu que exigiu uso de machado, esterilizados superficialmente. Após o rompimento do fruto, lavado superficialmente com solução salina esteril, os cinco frutos de cada árvore foram imersos em solução salina estéril em sacos plásticos e manualmente agitados por 3 min, retirando os microrganismos transitórios. O uso de agitação manual facilita a execução, com baixo custo de investimento em equipamentos. Esta solução foi desprezada e novamente adicionada solução salina até o material estar submerso e colocado em banho-maria ultrassônico por mais 1 min. Após o que, 100µl da solução final do fruto foi inoculada em triplicada em placas de petri contendo meio rico YMA (peptona 0,5%, extrato de levedura 0,3%, 27 glicose 1,0%, extrato de malte 0,3%, ágar 2,0%), adicionado de cloranfenicol 0,2%. Foram isoladas 191 amostras de 945 frutos, sendo em média 1,5 linhagens por fruto. Além disso, esta metodologia possibilita contagens de Unidades Formadoras de Colônias por fruto, permitindo calcular densidades ou abundância, e portanto permitindo o uso de índices de diversidade comumente utilizados em estudos de macrorganismos, plantas e animais